CETEP de Alagoinhas

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Em capítulos, apresentaremos, para discussão, trabalho de nossa autoria sobre o Histórico da Educação Profissional

(Primeira parte)

FORMAÇÃO PROFISSIONAL
BREVE HISTÓRICO
A Formação Profissional no mundo e no Brasil está intimamente ligada ao nascimento e avanço do processo de industrialização nas sociedades e corresponde às necessidades geradas por esse mesmo processo. 
 O Congresso Internacional de Treinamento e Desenvolvimento realizado em Bath, na Inglaterra, em 1973, apresenta um modelo em que divide a industrialização em cinco fases distintas1 a saber:
1ª FASE: Subdesenvolvimento
2ª FASE: Em desenvolvimento
3ª FASE: Após o início da industrialização
4ª FASE: Industrialização avançada
5ª FASE: Pós-industrialização
Sem entrar em detalhes sobre as características atribuídas a cada fase deste modelo, já que não faz parte do objetivo deste trabalho, vimos que é na fase de DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO que surgem as Instituições de Formação Profissional. É quando a quantidade e complexidade dos conhecimentos necessários para operar a indústria passa a requerer uma preparação metódica e sistemática da mão-de-obra.
Outro modelo deste processo nos é dado por HUBERMAN, 1983, p.125, que caracteriza a organização industrial em quatro fases sucessivas, que são:
  1. Sistema familiar: os membros de uma família produzem artigos para seu consumo, e não para a venda.
  2. Sistema de Corporações: produção realizada por mestres artesãos independentes, com dois ou três empregados, para o mercado, pequeno e estável.
  3. Sistema doméstico: produção realizada em casa para um mercado em crescimento, pelo mestre artesão com ajudantes, tal como no sistema de corporações.
  4. Sistema fabril: produção para um mercado cada vez maior e oscilante, realizada fora de casa, nos edifícios do empregador e sob rigorosa supervisão.
 Considerando o esquema de Huberman, vamos encontrar a formação profissional ainda no sistema de corporações e a formação industrial a partir do sistema fabril, conforme detalharemos nos parágrafos seguintes. Comparando os modelos de Huberman e o citado por PONTUAL, no que se refere ao grau de avanço da industrialização, podemos estabelecer uma correspondência entre o sistema fabril e a fase de desenvolvimento da industrialização.
No Brasil, a industrialização, datada da década de 20 pode ser constatada no “(...) impulso sofrido pelo parque manufatureiro que apesar de débil passa a ter papel indispensável no conjunto da economia brasileira.” (RIBEIRO, 1982, p.91). Este processo provocou alterações substanciais na sociedade brasileira. A produção dos bens materiais, atrelada agora ao desenvolvimento tecnológico e à dinâmica das fábricas, implicou no surgimento de novas dinâmicas e necessidades sociais. Uma delas, a qual me interessa neste trabalho, refere-se a necessidade de formação e reposição de mão-de-obra.
Ora, a industrialização com o seu consequente avanço tecnológico criou a necessidade de conhecimentos maiores e mais complexos para operar e manter seu maquinário produtivo. Foi a “(...) complexificação do trabalho fabril que passou a exigir trabalhadores mais qualificados.” (WARDE, 1983, p.56). Para DECCA, 1987, p.68, “(...) o sistema de fábrica (...) abriu2 caminho para que se produzisse uma esfera de conhecimentos tecnológicos onde se opera a radical apropriação do saber”. Esses conhecimentos tecnológicos, apropriados pelo sistema, deveriam ser transmitidos para aqueles que iriam manipular os equipamentos da indústria no sentido de implementar sua produção.

1 Citado por PONTUAL, 1980, p.5-6.
2 O verbo abrir foi deliberadamente alterado para a forma do pretérito perfeito para promover a concordância necessária à coerência do texto.


REFERÊNCIAS


DECCA, Edgard de. O Nascimento das Fábricas. São Paulo: Brasiliense, 1987.

HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
  
PONTUAL, Marcos. Evolução do Treinamento Empresarial. In: BOOG, Gustavo Gruneberg (Coord). Manual de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: McGraw Hill, 1980, p.1-12.

RIBEIRO, Maria Luísa Santos. História da Educação Brasileira: a organização escolar. São Paulo: Moraes, 1982.
 
WARDE, Mirian Jorge. Educação e Estrutura Social: a profissionalização em questão. São Paulo: Moraes, 1983.

(Texto produzido por Sydney Lima Silva)
(Fim da primeira parte. Continua nos próximos episódios)

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